Com o avanço de estudos e pesquisas a respeito do Transtorno do Espectro Autista (TEA), o número de diagnósticos vem crescendo a cada ano. Com informações e notícias sobre TEA amplamente divulgadas, muitos pais/responsáveis e até mesmo adultos com dúvidas sobre si, tem buscada cada vez mais cedo a ajuda de profissionais em busca de um diagnóstico para tratamento adequado. Mas será que é necessário aguardar o resultado diagnóstico para que terapias e intervenções sejam iniciadas para crianças com suspeitas de estar no espectro?
Primeiro, vamos entender um pouco sobre o número de autistas que estima-se hoje no nosso país. De acordo com um relatório do CDC (Center of Diseases Control and Prevention) de dezembro de 2021, a prevalência de autismo entre crianças de 8 anos aumentou em 22% em relação ao estudo anterior. Antes havia 1 autista para cada 54 crianças, enquanto no último, era 1 autista para cada 44 crianças. Segundo Francisco Paiva Jr, autor do livro “Autismo – Não espere, aja logo!”, cofundador e editor-chefe da Revista Autismo, se estes dados fossem referentes ao Brasil, o país teria cerca de 4,84 milhões de autistas. Entretanto, apesar de alguns estudos em determinados estados, não tem-se ainda um número de prevalência no Brasil.
O que esses números tem relacionados a diagnósticos precoces?
Acontece que com o aumento de procura por profissionais, o número de diagnósticos consequentemente aumenta também. E qual a razão de quanto antes o diagnóstico, melhor? Uma criança que passa por intervenção o mais breve possível, em quaisquer áreas que tenha dificuldade, apresentará melhores resultados, e assim sendo, mais avanços. Por isso, é tão importante o diagnóstico precoce; para que desde cedo, a criança já inicie com terapias e intervenções necessárias para seu caso.
Segundo a psicóloga Chaloê Comim, especialista em TEA, não há necessidade de esperar uma confirmação diagnóstica, para iniciar as terapias e intervenções. “O diagnóstico é uma classificação formal, então, ele é importante e necessário para facilitar a comunicação entre profissionais da saúde e, no caso do autismo, garantir acesso aos direitos previstos em lei (como por exemplo, Lei Berenice Piana e Direitos previstos para Pessoas com Deficiência). Mas, é importante saber que existem marcos do desenvolvimento infantil. Para atestar que o desenvolvimento de uma criança está dentro do esperado para sua idade, ela deve estar de acordo com estes marcos. É possível notar sinais que alertam para o TEA nos primeiros meses de vida.”
Ainda de acordo com ela, um profissional especializado, será capaz de avaliar e diagnosticar se está tudo de acordo ou se há algum atraso no desenvolvimento. A avaliação no autismo, deve ser feita por equipe multidisciplinar, mas pode levar um tempo considerável, pois a idade média para um diagnóstico de autismo varia entre 3 a 5 anos .
“O tempo no Autismo vale ouro. O ideal é que o diagnóstico seja feito nos primeiros anos de vida, pois a Neurociência aponta que dos 0 aos 3 anos de idade, o cérebro da criança tem maior flexibilidade para substituir e formar novos circuitos sinápticos, corrigir atrasos e falhas no desenvolvimento, através de estimulação. Então, seria esta a fase ideal para intervenções.”
Para realização das intervenções, os profissionais que acompanham a criança definirão em quais áreas ela precisa de auxílio e a partir daí começar com as terapias, trabalhos e desenvolvimentos para a área em atraso, que precisa de atenção. Chaloê assegura ainda que a qualquer sinal de atraso no desenvolvimento infantil, os pais devem procurar ajuda profissional: “Se há prejuízo na comunicação (verbal/ não verbal/ social) ou se há comportamentos restritos e/ou estereotipados, não espere! Se nota que algo está errado, não espere! Procure ajuda de especialistas e informações fidedignas sobre o assunto. Há intervenções comportamentais que estimulam o desenvolvimento, que é possível aprender e fazer em casa usando brinquedos e criatividade.”
Créditos: Nathalia Barreto